1997
Recentemente estava a pensar em qual teria sido o divisor de águas na história da Internet Brasileira. A conclusão foi rápida e passional. Receitanet 1997. Esse foi um projeto inédito e bem desafiador. Fazer chegar de forma não presencial o conteúdo das declarações de imposto de rendas eletrônicas. Nada menos do que substituir os disquetes pela Internet.
O ano era 1997 e a Internet além de ser novidade não era lá muito confiável para uma aplicação tão séria. Em termos de segurança a situação não era muito animadora, até então 96 havia sido o ano com o maior número de advisories publicados pelo CERT/CC incluindo um sobre o até hoje perigoso SYN Flood. Se o ano anterior não era nem um pouco animador, 97 não demonstrava sinais de melhoria já em janeiro a bugtraq informava que o envio não esperado de alguns caracteres fazia com que o Windows NT consumisse 100% de CPU. Esse número crescente de novas falhas de segurança deixava claro que o trabalho precisava ser bem feito tanto contra o que conhecíamos quanto contra aquilo que não conhecíamos.
Não bastasse isso uma pequena peculiaridade brasileira causava uma certa preocupação. Com a tendência nacional de deixar tudo para a última hora, como garantir que os mecanismos de segurança não serviriam como impecílio ao funcionamento do sistema? Segurança com velocidade era algo extremamente difícil de ser obtido naqueles tempos.
Ainda assim o SERPRO e a Receita Federal estavam determinados a fazer aquele sistema funcionar sem que houvessem problemas para população, fossem eles derivados da falha capaz de interromper a entrega os dados ou a violação dos mesmos. Outros fatores que muito marcaram aquele projeto foram o foco no cliente e a preocupação de criar uma solução secure by design. Isso ficaria ainda mais claro em 98 quando o software foi levemente modificado para permitir a declaração a partir de IPs atrás de NAT, ponto que dificultara que os cidadãos enviassem suas declarações a partir do trabalho. Aquela predisposição ao aperfeiçoamento marca ainda hoje aquela equipe com um de meus clientes favoritos.
Terminado o ano de 97 a ReceitaFederal comemorava a incrível marca de mais de 700 mil declarações entregues via Internet. Já no ano seguinte mais de 4 milhões de declarações seriam novamente enviadas via Internet. O pioneirismo de 97 havia dado certo e a Internet passava a ser considerada como meio confiável de troca de informações. De lá para cá o número de serviços eletrônicos só vem aumentando. Talvez algo que marque o Receitanet seja o fato de que tudo foi feito sem que fossem causados maiores transtornos aos cidadãos ou ao Estado.
Hoje, passadas 10 edições podemos dizer que muito daquela experiência serve como exemplo para os profissionais de tecnologia da informação de que pioneirismo, segurança e foco no cliente não são qualidades antagônicas.
Ainda assim o SERPRO e a Receita Federal estavam determinados a fazer aquele sistema funcionar sem que houvessem problemas para população, fossem eles derivados da falha capaz de interromper a entrega os dados ou a violação dos mesmos. Outros fatores que muito marcaram aquele projeto foram o foco no cliente e a preocupação de criar uma solução secure by design. Isso ficaria ainda mais claro em 98 quando o software foi levemente modificado para permitir a declaração a partir de IPs atrás de NAT, ponto que dificultara que os cidadãos enviassem suas declarações a partir do trabalho. Aquela predisposição ao aperfeiçoamento marca ainda hoje aquela equipe com um de meus clientes favoritos.
Terminado o ano de 97 a ReceitaFederal comemorava a incrível marca de mais de 700 mil declarações entregues via Internet. Já no ano seguinte mais de 4 milhões de declarações seriam novamente enviadas via Internet. O pioneirismo de 97 havia dado certo e a Internet passava a ser considerada como meio confiável de troca de informações. De lá para cá o número de serviços eletrônicos só vem aumentando. Talvez algo que marque o Receitanet seja o fato de que tudo foi feito sem que fossem causados maiores transtornos aos cidadãos ou ao Estado.
Hoje, passadas 10 edições podemos dizer que muito daquela experiência serve como exemplo para os profissionais de tecnologia da informação de que pioneirismo, segurança e foco no cliente não são qualidades antagônicas.
1 Comments:
André, você por acaso trabalhou no SERPRO? Sou concursado de 2004, recentemente estamos procurando difundir, em conjunto com a Receita, o uso maciço pela população de certificados digitais p/ entrega do IR. É um exemplo de que o Estado pode funcionar em prol dos cidadãos quando não há uso político da máquina, o que infelizmente ocorre na maior parte da Administração Pública.
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